quarta-feira, 22 de abril de 2009

Entrevista ao Presidente do Arcuda

Bruno Marques completa no próximo mês de Maio o seu terceiro mandato como presidente da Associação Recreativa Cultural e Desportiva de Albergaria dos Doze (ARCUDA). Não pensa em recandidatar-se, mas está a enveredar todos os esforços para conseguir nova direcção com gente jovem e dinâmica.

Diário de Leiria (DL) - Qual é o “pulsar” do clube do eu coração?
Bruno Marques (BM) -
Embora o Arcuda seja um clube de aldeia, tem exercido ao longo dos anos um papel profundamente activo na vida dos albergarienses, tanto na vertente lúdica, como desportiva. Posso dizer que temos sido ao longo dos anos um elo de ligação as gentes da terra, e não só.

DL - A aposta na construção do Estádio Vale das Éguas com infra-estruturas modelares não foi um risco?
BM –
Eu prefiro dizer que foi um passo corajoso, do qual nos orgulhamos e que forneceu à Freguesia infra-estruturas de excelente qualidade e que continuará a servir gerações de futuros atletas.

DL – Afinal do que consta o Parque Desportivo?
BM –
Após a construção da bancada surgiram novos desafios, tais como a relvado sintético, a pista de TT – TRIAL e a pista de auto-modelismo.

DL - Foi necessário um investimento substancial?
BM -
Assim foi de facto. O total ascendeu a cerca de 235 mil euros, com a participação directa de 75 mil euros da Câmara Municipal de Pombal; cinco mil euros da FPF e dois mil e quinhentos da AFL.Contraímos um empréstimo bancário no valor de 100 mil euros.

DL – Com esse valores o Arcuda deverá estar endividado?
BM –
Está enganado. O Arcuda não tem dívidas, o que nos tempos que correm é óptimo. Em Outubro de 2007 pagámos o sintético do qual nos orgulhamos.

DL – Quantos atletas possui o clube?
BM –
Federados são 140, abrangendo os escalões de escolas até aos seniores.A nível não oficial, temos uma equipa de futebol, em veteranos, formada por muitos ex-futebolistas que muito deram ao clube nos quase 33 anos de existência.A ginástica de manutenção para senhoras que envolve 30 praticantes, é outra modalidade do clube ao dispor das interessadas. Contamos com a preciosa colaboração da professora Ana Cabral, campeã nacional de ginástica aeróbia e licenciada em Ciências do Desporto.

DL – Então a colocação do piso sintético foi um melhoramento importante?
BM –
Sem dúvida. Foi inaugurado em 2005 e o aparecimento de jovens para a prática do futebol disparou substancialmente, vindos muitos das localidades vizinhas. O nosso sintético foi o primeiro no concelho de Pombal, porque só existiam os campos de relva natural em Pombal e Ranha. Daí estar convicto que o futuro do Arcuda está nas camadas jovens.Curioso, foi o facto de em 2004 termos abordado os jogadores da equipa sénior se preferiam ter um campo sintético ou não receberem o subsídio que lhes era atribuído. A resposta foi unânime na preferência pelo sintético, mesmo sujeitando-se durante muito tempo jogar no pelado da Memória, campo emprestado.

DL – Os albergarienses trabalharam muito nas obras do Estádio?
BM –
É verdade. A mão e obra dos albergarienses, designadamente, canalizadores, electricistas, carpinteiros, pedreiros, etc, foi muito importante. Aos fins-de-semana trabalharam desinteressadamente em troca de um almoço e a obra nasceu para satisfação de todos.

DL – Quantos sócios possui o clube?
BM –
Temos cerca de 350 pagantes. Os cativos pagam uma quota anual de 45 euros e 15 os efectivos.

DL – Quais os apoios que o clube recebe?
BM –
Câmara Municipal de Pombal, empresas de Albergaria e da publicidade estática existente no estádio e ainda dos patrocinadores das equipas de futebol.

DL – Além do estádio qual é o vosso património?
BM –
Temos duas carrinhas de nove lugares cada uma e um autocarro de 21 lugares, que não tem seguro por ser caro, bem como a sua manutenção. Além disso, não temos condutor disponível para o conduzir nos dias dos jogos.
Clube com historial bonito

DL – O Arcuda nos quase 33 anos de existência, foi fundado em 10 de Setembro de 1976, já viveu momentos altos?
BM –
Sem dúvida. No escalão sénior, quando as condições existentes eram precárias e os jogadores não recebiam um centavo, por três vezes participou na Taça de Portugal e até eliminou o Estarreja da II Divisão Nacional. Obteve excelentes classificações na Divisão de Honra e na I Distrital onde actualmente milita. Em 1988 foi considerada Instituição de Utilidade Pública pelo então Primeiro Ministro Cavaco Silva.Outro facto foi a subida à Divisão de Honra em 2008/2009 da equipa de juniores.

DL – O clube remunera os futebolistas?
BM –
A única ajuda que têm é o pagamento do gasóleo, por requisição. Julgo que é a única solução para a maioria dos clubes que não podem entrar em loucuras de pagar valores tão altos como por vezes se fala.

DL – Mas os treinadores são remunerados?
BM –
O treinador da equipa sénior, Paulo Santos e o seu adjunto Nuno, recebem um subsídio, assim como a massagista.Outra novidade que criámos esta época foi a remuneração, embora quase simbólica, de todos os treinadores da formação, alguns deles professores de Educação Física, complementada como curso de treinador da AFL.

DL – Para quando o regresso à Divisão de Honra?
BM –
Temos essa ambição. A única questão prende-se com os custos inerentes a isso, que passam por deslocações mais longas e almoços para os atletas.Para já esta época tencionamos ficar no final de época entre os cinco primeiros lugares da I Distrital, zona norte.

DL – Admite recandidatar-se ao quarto mandato?
BM –
A actual direcção é constituída basicamente por gente jovem e, curiosamente, só um dirigente é que têm dois filhos a jogar nas camadas jovens.Teremos de renovar e estaremos a enveredar esforços para conseguir uma nova direcção com gente jovem e ideias novas e também com muita garra.Porém, estou disponível para ajudar na retaguarda porque a minha vida profissional não permite dar mais tempo ao clube.Espero que até ao próximo mês de Maio, em data ainda a designar, surjam outros dirigentes para tomar as rédeas do clube.

Tuna Caranguejeiro (Diário de Leiria)

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